segunda-feira, 10 de julho de 2017

Ressonâncias


A princípio foram os campos de Soria (Machado? Lorca? Jiménez?), pouco depois, o deste sabor de fruta inexistente, que se me perfilou, ostensivo, na corrente do pensamento.
Às vezes, subitamente, e sem que nada o pressentisse ou motivasse, somos suscitados por um verso, ou por uma cantilena. Melhor dizendo, convocados, porque é de voz que se trata.
Talvez por que a similitude do momento ou de uma situação se identifica com outra do passado. E o ritmo do coração é o mesmo, na sua batida sensível e humana.
Mas as palavras exactas muitas vezes se nos escapam e não ocorrem. Mesmo que tenham sido nossas. Temos, então, que ir à estante procurá-las. E recordar a sua perfeita exactidão original.

4 comentários:

  1. Soria, só por si, é um poema. O (meu) Douro, tão juvenil. E Antonio Machado, claro, especialmente aquela lápide branca no cemitério del Espino, tão lacónica mas que diz tanto ("A Leonor, Antonio")...

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    1. Leão e Castela, para não falar do Douro, é consigo..:-)
      Agradeço-lhe ter-me poupado o trabalho e poder ir logo ter com Machado: "Soria fria, Soria pura,/ Cabeza de Extremadura,..."
      Uma boa noite!

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    2. Soria pura, cabeza de Extremadura... Esse é o lema da cidade. Venha ou não de "Douro", lembra-me a decadência portuguesa, que começou logo que uns aristocratas armados em cristãos se renderam aos encantos mouriscos da "nossa" Estremadura...

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    3. Também se falava das "delícias de Cápua", em relação aos romanos, ou dos "fumos da Ìndia", quanto a nós. Nem sempre colhem estas atenuantes, ou explicam um processo gradual de apagamento que, no decurso dos séculos, quase todos os países foram e vão sofrendo, depois de terem sido Impérios...

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