sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Formar o gosto


Há dívidas que nunca mais se pagam. E eu tenho uma delas para com Óscar Lopes (1917-2013).
Não tanto pelos livros que publicou, de que se destaca a História da Literatura Portuguesa, mas sobretudo pelo seu magistério crítico que, ao longo dos anos, foi exercendo, às terças-feiras, no suplemento literário Cultura e Arte, de "O Comércio do Porto".
Pelas suas recensões semanais fui apurando o meu sentido crítico, aprendendo a separar o trigo do joio literário, a melhor compreender a prosa e a poesia portuguesa, que, então, se ia publicando. A agudeza das suas sínteses, a fina intuição que não excluía o afecto (o texto à morte de Mário Sacramento, é um magnífico exemplo de amizade), deixaram marcas na minha memória.
Conheci-o pessoalmente já tarde, por intermédio do nosso comum amigo António, num dia atribulado de lançamento de um livro, em Lisboa. Era a simplicidade em pessoa, apesar da sua imensa sabedoria.
Aqui o quero lembrar, 4 dias depois da passagem do centenário do seu nascimento. Com gratidão.


2 comentários:

  1. Li sempre com gosto os textos de Óscar Lopes, numa escrita entendível. O primeiro deve ter sido a História da Literatura Portuguesa, que ele fez de parceria com António José Saraiva. Foi toda lida e aprendi bastante. No outro dia, pensei que daqui a dois anos tenho de comprar uma uma edição mais recente para os meus netos.
    Bom dia!

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    1. Em coerência e consistência, para mim, foi o grande crítico literário português do séc. XX.
      Isabel Pires de Lima tinha sido "nomeada" testamentária e actualizadora da "História da Literatura...", mas creio que não tem feito nada...
      Acho que é uma prenda útil, e bonita, para os Infantes.
      Bom dia!

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