quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Divagações 128


Há prefácios que valem um livro. Outros, cujo texto principal seria esquecido completamente se não fosse o prefácio (de outro autor) que acompanhava a obra. Posfácios ou prefácios de Jorge de Sena - que raramente resistia a escrevê-los para os seus livros e traduções - são ainda hoje saborosíssimos de ler ou fontes de informação e/ou erudição preciosas para enquadramentos de história literária ou da república das letras portuguesas.
Um dos exemplos primeiros de um prefácio, que enriqueceu muito uma obra, foi escrito por Eça de Queiroz, em Bristol, em 1886, para acompanhar um livro de crónicas do seu amigo Conde de Arnoso ( o vimaranense Bernardo Pinheiro Pindela). Ainda hoje a obra Azulejos é procurada e conhecida por causa do interessante prefácio de Eça.
Outro caso, é um livro de poemas, Alma Errante (1932), do russo e judeu Eliezer Kamenezky, vago actor e boémio a viver em Lisboa que, conhecido de Fernando Pessoa, lhe pediu umas palavras de apresentação para as suas poesias, a editar. Os poemas são fracotes, mas o prefácio merece ser lido. E é por isso que o livro é conhecido, ainda hoje...
Tudo isto vem a propósito de eu ter estado, vai, não vai, para comprar, num alfarrabista, o livro de poemas Tangentes (1975), de Merícia de Lemos (1913-1996), só porque tinha um prefácio de Vitorino Nemésio.

4 comentários:

  1. Há autores que fazem toda a diferença, mesmo que seja só para introduzir os amigos de que falam e que aparecem a seguir.
    Bom dia

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    1. É verdade. Óscar Lopes era outro prefaciador que enriquecia qualquer livro que apresentasse.
      Bom dia!

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  2. Há anos precisei de saber umas 'coisas' sobre Merícia de Lemos e li os livros dela, mas a única coisa de que me lembro é de que um deles é ilustrado por Cícero Dias.
    Bom dia!

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    1. Também é um tipo de poesia que não me toca...
      Bomdia!

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