domingo, 10 de dezembro de 2017

Natal, livros, fadas, arte e pesadelos...


Por esta época, retrocedemos. Ao menos, de memória. Uma fuga ilusória para o virtual aconchego de uma infância retocada de lareiras, brinquedos, livros de fadas e afectos desaparecidos, em que o futuro parece ser apenas o passado do presente. E não será preciso citar T. S. Eliot para reunir os três tempos do Tempo, numa confluência desejada, mas irreal.


A artista britânica Su Blackwell (Sheffield, 1975), tirado o curso de Belas-Artes, tem-se dedicado, desde 2003, a recortar livros infanto-juvenis, usados, que compra em alfarrabistas, transformando-os em pequenas esculturas de papel, alusivas às histórias aí narradas. Evidentemente que as palavras acabam por ser canibalizadas pela imagem. Como antes, as árvores tinham sido canibalizadas pelos livros.



Será muito discutível este processo. Para alguns, esta destruição dos livros pode assemelhar-se a um pesadelo desrespeituoso; para outros, sobretudo nesta época natalícia, a fantasia que desperta, anula, de algum modo, o acto criminoso.
Seja como for, cada um destes livros artísticos é vendido a 5.000 libras inglesas...
Alguém quer atirar a primeira pedra?

8 comentários:

  1. Eu gosto da obra dela, mas perturba-me a destruição dos livros. Ainda não consegui decidir, mas acho que ela podia arranjar um tipo de material para trabalhar que fosse menos trágico... :-) Bom Domingo!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estou consigo. Confrange-me o processo usado, embora o resultado, por vezes, possa ser interessante.
      Um bom Domingo também!..:-)

      Eliminar
  2. Acho muito mal recortar ilustrações maravilhosas de livros que estão em bom estado, embora também goste do resultado. E o efeito que Su Blackwell consegue parece-me muito mais perecível que o livro.
    Boa semana!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Definitivamente, também me parece mal. Mas não há dúvida que a menina Su arranjou um bom e desafogado ganha-pão.
      Retribuo os votos, cordialmente!

      Eliminar
  3. Eu gosto muito de livros, mas desde que ela não utilize livros raros, acho bem. É utilizar uma arte para fazer outra, é dar uso a livros que, se calhar, acabavam por nunca ter um dono. Definitivamente e dependendo dos livros, não acho mal. Gostava de ter uma obra destas na minha estante.

    Boa noite:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tanto quanto me foi dado ver, nenhum dos livros utilizados seria raro. Mas é sempre uma sensação estranha, para quem gosta de livros, vê-los transformados de palavras para recortes...
      Retribuo, com estima.

      Eliminar
  4. Arrepiei-me, só de ler e nem fui ver. Faz-me imensa confusão, mesmo que sejam livros de cêntimos!

    ResponderEliminar