sábado, 23 de dezembro de 2017

Outroras


A singularidade de determinadas datas arrasta consigo a memória torrencial de tempos iguais, passados.
Se, nas primeiras Consoadas, a figura matricial da minha Tia Ermelinda pontificava, nos Palheiros, ocupando, como tema de conversa à ceia natalícia, vimaranense, as aventuras de conseguir o melhor bacalhau de lasca grossa, fosse ele do Rebelo, da Noruega, do Bernardino J., da Islandia ou da Inglaterra, esta próxima consoada, numa improvável ilha do Reno, terá contornos muito próprios, exóticos quase para mim, com ganso assado por entre couve roxa, airelas, e outros sabores estranhos de componentes tradicionais teutónicos.
Terá sido nos primeiros anos da década de 80, que o veterano da minha mesa natalícia resolveu enumerar as várias casas e natais, por onde passara, ao longo da sua vida. Militar na reserva, e com passado colonial, o seu nomadismo ultrapassava as 30 moradias. Eu meti a viola ao saco, porque todos os meus natais tinham sido continentais e, ainda hoje, os posso enumerar, quase todos, pelas ruas: Palheiros, Alberto Sampaio, vimaranenses; de Riba de Ave, 5 consoadas, de que esqueci o nome da rua. A Sul, depois: S. Sebastiäo da Pedreira, Rodrigo da Fonseca e Manuel Parada. Talvez, António Maria Cardoso, mas apenas uma vez.
Internacionalizo-me este ano, na Simrock Strasse, de Koblenz. Mesmo assim,  nem chego a 10 locais de consoada, diferentes, o que faz de mim um verdadeiro sedentário natalício. Conservador e tradicional, assim seja, por agora e pela época que atravessamos.

9 comentários:

  1. https://youtu.be/7Ii6vQNEoCY
    Fiquei satisfeita com o seu regresso aos postes.
    Desejo-lhe uma boa noite.


    regresso aos postes

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    1. Bem haja, Maria Franco.
      Infelizmente, estou sem som, no computador e sem acesso ao Youtube. Músicas, no Arpose, só lá para Janeiro, decerto..:-(
      Uma boa Consoada!

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    2. Em tempo:
      depois de mil peripécias e alguma ajuda alheia lá consegui manusear o Youtube, e ouvir a Polka, de Strauss, que me sugeriu..:-) Renovo o agradecimento.
      Bom dia de Natal!

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  2. Até aos dois anos penso que as consoadas foram passadas na Marquês de Tomar, mas não sei. Desde aí tem sido sempre na mesma casa, exceto talvez dois ou três anos que fui para fora de Lisboa.
    Bom dia!

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  3. Sempre gostei de passar o Natal em casa, em Algés. Já mais crescida alternava-se entre Leiria (tios) e Algés e uma única vez o Caramão da Ajuda (avós). Agora os Natais são passados na companhia do Mr. Vertigo e sempre na linha de Sintra. Não me importava que uma vez houvesse neve, mas para as nossas bandas acho difícil.
    Boas Festas!

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    1. Pois, Algés também me entra nas memórias, mas com almoco, a 25/12, num andar do Parque dos Anjos, e ceia de 31/12, numa rua de que esqueci o nome, em casas, diferentes, de amigos, durante 3 ou 4 anos...
      De momento, por cá, nem sinal de neve, embora esteja frio.
      Retribuo, cordialmente.

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  4. uma mulher sobe a rua lentamente ...
    ...
    Porém um grito cresce sobre os muros
    Como um novo sol...

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    1. ... lentamente,
      medita o passo, dilui-se em solidäo...
      ...
      ... e a dor de te matar
      cobre-as de neve.


      Um óptimo 2018!

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