quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Diferença


Por mero acaso, acontece que, em Antuérpia e ao dobrar do ano, tivemos que esperar bastante tempo por um transporte público, numa paragem de rua que, pelos indícios, deveria ser, maioritariamente habitada por judeus ortodoxos (?). Passaram por nós, a pé ou de bicicleta, mais de 10 personagens com uma espécie de balandraus escuros e compridos, caracolitos pueris e laterais na cabeça, chapéus negros de aba larga.
Ensimesmado, dei-me a pensar que eles fazem gala em marcar e mostrar sua diferença, usando atavios, algo exóticos e medievos, para se distinguirem, como "povo eleito", de entre os comuns da terra.
Em tempos adversos para os judeus, eles foram obrigados - e não de livre vontade - a usar a estrela de David na roupa exterior, de forma a serem identificados facilmente pelos outros seres humanos. Entre o uso ostensivo de sinais de diferença, hoje, e o uso obrigatório imposto por outros, ontem, vai a grande diferença entre a submissão e a liberdade. Mas também uma similitude simbólica de exterioridades identificativas...

2 comentários:

  1. Guardiães (?) da sua tradição, a começar pela indumentária, não fazendo parte dela, é certo, os sacos de plástico parecem destoar. E seriam evitáveis.
    Ainda se fossem negros...

    Gostei bastante do texto.
    Uma boa tarde.

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    1. Obrigado.
      E, quando chuviscava, protegiam os seus chapéus com uma espécie de touca de plástico, transparente...
      Retribuo, cordialmente.

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